domingo, 23 de dezembro de 2007



ABRE ELA

Eu te vejo no topo da torre
Atrás de uma muralha de pedras
Protegida por guardiões armados
Pelas lanças e escudos dos dogmas instituídos

Eu te vejo na lua cheia
Tão distante aos toques dos meus dedos
Refletindo a luz de um sol
Que está do lado oposto do mundo que vivo

Eu te vejo num ninho!
De asas fortes, mas com medo de voar
Protegida por dragões que cospem fogo
Faminta pela vida...

Eu te vejo num presídio
Numa sela especial
Ou as vezes na solitária por opção
Sem direito a lhe visitar nos fins de semana

Eu te vejo nos sonhos breves e bonitos
Que acontecem somente uma vez por ano
E são interrompidos
Pelo despertador as sete da manhã em ponto

Eu te vejo de burca
Na faixa de gaza fugindo dos tiros
Por trás dos tanques, por trás dos gritos
E da fumaça do fogo das casas...

Eu te vejo no exame de sangue
Que me diz que estás dentro de mim
Como um virús que não posso ver
Pelas veias... No meu coração

Eu te vejo entre as cores de Van Gog
Emoudurada por traves de ouro
Vigiada por cameras e esquemas de segurança
Nas paredes dos grandes salões de arte

Eu te vejo no fundo da taça de vinho
Na última gota que não escorre pra boca
E não se alcança com a língua
A gota seca e eu me seco de vontade

Eu te vejo no poema que escrevo
Que escapole dos meus dedos
Para a folha de papel...
Traduzindo o quanto voce parece inatingivel!

Abre ela... Está trancada em outro mundo...

Gibran Jordão
23:50
29/09/2007

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